24/02/2010

Correntes d'Escritas 2010

E o Prémio Literário Correntes d'Escritas/ Casino da Póvoa vai para...



«Falta muito?, perguntou Myra, no desvio do descampado deserto, agreste de árvores cinza na madrugada, rebanhos de ovelhas e bois com a cabeça descida à terra ocre, de fome, de sono.
Falta o que falta da tua história. E o Sr. Kleber sorriu.
Não tenhas medo, miúda. Em todas as histórias há sempre uma ponta do paraíso, um véu de clemência que estende uma ponta, fugaz que seja.»

«O céu estava baixo e muito escuro. Havia estrias roxas e verdes na distância mais clareada do horizonte e pareciam, céu e mar, uma única onda a levantar-se para cobrir a terra. Myra tirou os sapatos e as meias rotas e ficou parada a ver aquele assombro. Se corresse por ali adentro ninguém daria com ela nunca mais, nem no país dali, nem em nenhum outro.»
(excertos)

Este livro contém um caderno de ilustrações de Ilda David.


Finalista juntamente com A Eternidade e o Desejo de Inês Pedrosa, A Mão Esquerda de Deus de Pedro Almeida Vieira, A Sala Magenta de Mário de Carvalho, O apocalipse dos trabalhadores de valter hugo mãe, O Cónego de A. M. Pires Cabral, O Mundo de Juan José Millás, O verão selvagem dos teus olhos de Ana Teresa Pereira, Rakushisha de Adriana Lisboa e Três Lindas Cubanas de Gonzalo Celorio, Myra de Maria Velho da Costa foi eleito Prémio Literário Correntes d'Escritas/ Casino da Póvoa por um júri constituído por por Carlos Vaz Marques, Dulce Maria Cardoso, Fernando J.B. Martinho, Patrícia Reis, Vergílio Alberto Vieira.

Publicado em 2008, foi igualmente galardoado com o Prémio de Ficção/Narrativa Pen Clube e o Prémio Máxima de Literatura, em Outubro de 2009

A Biblioteca Municipal de Torres Vedras tem um exemplar desta obra disponível para empréstimo.

19/02/2010

10/02/2010

Manuela Catarino - Nota Biográfica

Manuela Catarino nasceu em Lisboa a 25 de Fevereiro de 1957. Licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Mestre em História Medieval pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Professora do Ensino Secundário, desde 1975, exerce funções na Escola Secundária com 3º Ciclo de Madeira Torres. Tem-se dedicado à investigação histórica, no âmbito da História Local, e também como membro do Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa.

Guerra Peninsular na Literatura - 24 de Fevereiro


24 Fevereiro 2010
(4ª feira)
21h00


Corre o ano de 1810, Napoleão, na sua determinação de conquistar Portugal e empurrar os ingleses para o mar, depara-se com o capitão Richard Sharpe que luta bravamente perante várias dificuldades. Um perigo maior surge da parte de dois corruptos irmãos portugueses — o major Ferreira, oficial de alta patente do exército português e o irmão, alcunhado de Ferrabrás (segundo o lendário gigante português) que nada deve à respeitabilidade, preferindo fazer-se valer pela rude força física e pura intimidação. Ferrabrás jura vingança e trama uma armadilha para matar Sharpe e aqueles que lhe são próximos — o experiente sargento Harper, seu amigo, o oficial português Jorge Vicente e uma irritadiça, mas adorável governanta inglesa. Enquanto a cidade de Coimbra é incendiada e pilhada, Sharpe e os seus companheiros preparam uma fuga arrojada, assegurando-se de que Ferrabrás os seguirá no caminho para Lisboa, para a boca de uma cilada estendida por Wellington — as gigantescas Linhas de Torres Vedras, a última barreira, audaciosa e imaginativa, contra os invasores...


Dinamização: Manuela Catarino


LOCAL: Biblioteca Municipal de Torres Vedras
DURAÇÃO: 2 horas
PÚBLICO-ALVO: Adultos
INSCRIÇÕES/ CONTACTOS: Biblioteca Municipal de Torres Vedras
tel. 261 310 457
biblioteca@cm-tvedras.pt

02/02/2010

Porquê El-Rei Junot de Raúl Brandão no contexto do Bicentenário da Guerra Peninsular?

Porquê este livro - "EL-REI JUNOT", de Raul Brandão (RB) - no contexto do Bicentenário da Guerra Peninsular?


Raul Brandão é um grande escritor da Língua Portuguesa. Em 1912 publicou este livro, que começara a escrever por ocasião do primeiro centenário das invasões francesas. Nele evoca uma das mais negras épocas históricas de Portugal e com uma forma de abordagem muito especial: não exalta o patriotismo face aos invasores, antes adopta uma perspectiva humanista em que vê a História como um palco onde os homens - todos os homens, sejam invasores sejam invadidos - se movem como títeres, vivendo na dor até ao destino inexorável da morte. "A história é dor, a verdadeira história é a dos gritos" - assim começa o livro.

Raul Brandão usa fontes históricas fidedignas e os dados que expõe não são inventados. Mas não está interessado em escrever um tratado de História, com o rigor do aparato usual nesse tipo de livros, com notas, bibliografia exaustiva, citações, etc. Mais do que escrever História, ele interpreta a História.

Maria de Fátima Marinho, especialista da obra de RB, diz-nos que ele tem uma visão metafísica da História, em que a vida e as opções humanas são encaradas como drama e tragédia.

Refere também que RB faz uma leitura simultaneamente interpretativa e factual dos acontecimentos históricos, em que parte do princípio que há duas Hstórias: uma oficial, registada; e outra escondida, subreptícia, que é talvez a mais importante.

Raul Brandão tenta descrever essa linha oculta dos acontecimentos, marcada pelas paixões humanas, pelos comportamentos ora dramáticos, ora grotescos dos seres humanos. O resultado é uma pintura impressionista de toda uma época - o início do séc XIX - vazada numa escrita colorida, visual, rigorosa e sugestiva. Não ficamos a saber muitos acontecimentos históricos, mas ficamos a perceber muito melhor a época em que eles ocorreram.

Joaquim Moedas Duarte